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Desabafos de uma noite vazia 

É tarde e eu queria dormir. Na verdade, estava até quase a adormecer, mas ouvi um cão. Fez-me lembrar casa, casa essa que está longe de mais para alcançar no meu dia a dia. Casa essa que eu adoro.

Já não oiço o cão, a hora avança, assim como as saudades. Quem me dera nestes momentos voltar a casa. Abraçar os que me são mais queridos, deitar-me na cama que é realmente minha e aproveitar o que é realmente meu. 

Há dias assim, nos quais tudo parece mal, menos a casa, essa parece melhor que nunca, mesmo que, enquanto lá esteja, lhe veja imensos defeitos.

Somos assim, tendemos em ser assim. Bom é o que não temos, quer seja isso porque está longe demais ou porque perdemos de vez. 

O cão voltou a ladrar, ou então já sou eu a imaginar. Faz lembrar os despiques tardios que oiço da minha janela, quanto estou em casa. Torna-se difícil não chorar, mas afinal de contas dizem que com o avançar da hora nos tornamos mais sensíveis. Não sei quem o disse, nem se é realmente uma verdade empírica, mas sei que concordo. 

Aqui só oiço carros, os móveis do vizinho de cima, os saltos da vizinha de baixo, os estores da vizinha do lado. E isso só me faz lembrar que não estou em casa. 

Até hoje não soube o quão reconfortante seria ouvir um cão nesta cidade que me acolheu.

E ainda que me tenha dado um aperto no coração fez-me sorrir porque me lembrei de casa. Casa à qual entretanto já vou regressar.

Um projeto de 2017.

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